Renato Souza, mais conhecido no meio Cristão Inclusivo como Bispo Renato,
de família e formação católica, é Professor efetivo da rede estadual de ensino.
Leciona Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso na Escola Estadual Ten.
Coronel Cândido Mariano, sob a administração da Polícia Militar do Estado do
Amazonas, a segunda maior escola da América Latina.
de família e formação católica, é Professor efetivo da rede estadual de ensino.
Leciona Filosofia, Sociologia e Ensino Religioso na Escola Estadual Ten.
Coronel Cândido Mariano, sob a administração da Polícia Militar do Estado do
Amazonas, a segunda maior escola da América Latina.
Seu lema episcopal: “Construir na Caridade”
Nosso Bispo Renato concedeu uma entrevista para o Boletim da FAE, onde
fez um balanço dos seus 5 anos de Episcopado; comentou sobre como
percebe a situação no Brasil em relação às igrejas inclusivas; sua expectativa
para o futuro do Evangelho Inclusivo e falou um pouco sobre si.
Nosso Bispo Renato concedeu uma entrevista para o Boletim da FAE, onde
fez um balanço dos seus 5 anos de Episcopado; comentou sobre como
percebe a situação no Brasil em relação às igrejas inclusivas; sua expectativa
para o futuro do Evangelho Inclusivo e falou um pouco sobre si.
1) Balanço dos 5 anos de episcopado:
O ser humano nunca está 100% pronto, então, estes 5 anos foram um
aprendizado constante. E, graças a Deus, continuo aprendendo.
Aprendi que quando se está à frente de qualquer projeto ou movimento,
precisamos estar abertos às mudanças e não ter medo do diferente. Acho que
é por isso que me identifico com a diversidade em todos os seus aspectos.
Como líder de uma igreja inclusiva aprendi também, da forma mais linda, que
não se pode fazer acepção de pessoas no Cristianismo.
Enfim, foram 5 anos incríveis. Passaram pessoas que, como diz a canção,
"espalharam cizânia onde eu semeei", mas o Espírito sempre me impulsiona e,
como o rebanho não é meu, mas do Bom Pastor, o trabalho segue.
O ser humano nunca está 100% pronto, então, estes 5 anos foram um
aprendizado constante. E, graças a Deus, continuo aprendendo.
Aprendi que quando se está à frente de qualquer projeto ou movimento,
precisamos estar abertos às mudanças e não ter medo do diferente. Acho que
é por isso que me identifico com a diversidade em todos os seus aspectos.
Como líder de uma igreja inclusiva aprendi também, da forma mais linda, que
não se pode fazer acepção de pessoas no Cristianismo.
Enfim, foram 5 anos incríveis. Passaram pessoas que, como diz a canção,
"espalharam cizânia onde eu semeei", mas o Espírito sempre me impulsiona e,
como o rebanho não é meu, mas do Bom Pastor, o trabalho segue.
2) Como o senhor percebe o momento atual para
o Evangelho Inclusivo?
É um momento nebuloso. Não temos certeza de absolutamente nada. Podemos
apenas especular.
Mas precisamos nos prevenir e fazer todo o possível para proteger os pobres e
os mais vulneráveis da sociedade.
É necessário que as igrejas inclusivas se revistam do dom de profecia; não
como mera adivinhação, mas como porta-voz do Evangelho que se opõe à todas
as formas de violência e de exclusão social e eclesiástica.
Há dois projetos vigentes no Ocidente: um que idolatra o poder e o dinheiro,
ostenta e usa a mensagem do Evangelho pra maquiar seu discurso de ódio;
o outro, pelo contrário, se apega à Jesus de Nazaré como um Deus Libertador
e Inclusivo que morre e ressuscita por todos e todas.
O cristão inclusivo precisa tomar consciência disso e assumir um testemunho
coerente com a fé que professa. É assim que procuro pastorear a Fraternidade
Amigos do Evangelho.
3) Como um ex-frade católico se torna bispo de
uma igreja inclusiva?
Boa pergunta! Bem, tudo é um processo! Demorei para entender o que Deus
queria de mim, é qual era a minha verdadeira vocação. Com certeza não era
ser padre!!!
Depois que deixei a ordem à qual pertenci (minha saída não teve nada a ver
com dogmas, com fé ou com a sexualidade, mas com as incorrências que
encontrei entre meus irmãos de hábito), ainda me coloquei à disposição de
comunidades católicas aqui em Manaus, mas nelas tive a minha primeira
experiência de exclusão cristã.
Sim. Numa fui excluído pelo padre com o apoio do bispo, na outra, os padres
me queriam na comunidade, mas alguns fiéis, que nasceram na igreja, mas
nunca entenderam o que é o Evangelho, não me queriam com medo de perder
seus cargos de liderança.
Então, percebi que o catolicismo não era mais o meu lugar. Conheci uma igreja
inclusiva aqui em Manaus, ela já não existe mais. Nela fui sagrado bispo, mas
também nela encontrei a exclusão.
Então, fundei a Fraternidade Amigos do Evangelho com o propósito de reescrever
o Cristianismo e o conceito de Igreja. Alguns dos que fundaram a FAE comigo
não entenderam isso. Quiseram manter os modelos desgastados de igreja, que
exclui os diferentes e usa os fiéis como massa de manobra. Não é essa a minha
vocação.
Baseado nisso, procurei pautar meu ministério e, graças a Deus, tenho encontrado
pessoas dispostas a caminhar comigo e a construir uma igreja fiel ao projeto
libertador de Jesus de Nazaré.
4) Uma igreja para os diferentes? Que diferentes?
A visão de inclusão cristã da FAE nunca se resumiu à diversidade sexual ou à
população LGBT. Na FAE, quando se fala de inclusão cristã se fala também das
minorias sociais.
Negros, mestiços, indígenas, brancos, ricos, pobres, pessoas com deficiência,
LGBT's, ou seja, não fazer, de forma alguma, acepção de pessoas.
No que se refere à outras religiões, aos não-cristãos, a inclusão cristã nos desafia
ao diálogo e ao respeito, lutando também pelo fim da intolerância religiosa e dos
ataques aos espaços sagrados. Não podemos esquecer também da defesa ao
princípio do Estado Laico, uma das características da democracia moderna.
Uma maneira de acolher aos diferentes é a horizontalidade de nossa igreja. Sempre
estimulo o diálogo entre os amigos do Evangelho e a exposição de suas ideias e
sugestões em um ambiente de cordialidade e aceitação. Todos são ouvidos, mas
todos têm o dever ouvir e respeitar o irmão.
Procuro levar aos fiéis a ideia de que pensar diferente é riqueza e não ameaça, como,
geralmente, se ensina em outros ambientes cristãos e em algumas partes da sociedade.
A Assembleia Geral dos Amigos do Evangelho deve ser a expressão máxima desse
acolhimento ao diferente. A Assembleia é o espaço do diálogo, da partilha e do
crescimento mútuo entre os irmãos e irmãs.
Aí os mais conservadores perguntam: "onde fica sua autoridade de pastor e líder"?
Eu repondo: "O bispo primaz não é o dono da FAE. Cabe a ele presidir e resguardar
a Assembleia e colocar suas deliberações em prática".
A Assembleia da FAE impede que os Amigos do Evangelho se tornem um destes
"papados modernos" que vêm desacreditando o Cristianismo nos últimos anos no Brasil.
5) O que é a Festa da Unidade dos Amigos do
Evangelho?
"Unidade na diversidade" é um lema recorrente quando se fala em unidade.
Para a FAE, é extremamente importante falar em unidade.
A ideia ou o conceito de unidade da FAE brota do próprio Deus Trino,
Unidade indivisível e Trindade onipotente, uma divindade comunitária. Os
amigos do Evangelho, ao cultuar um Deus com essas características
únicas na história das religiões, são chamados a dar testemunho de unidade.
Na nossa realidade local, são muito comuns os "cismas", ou seja, os rachas
ou as dissidências mas comunidades cristãs.
Essas situações, geralmente levam à inimizades entre os irmãos. Queremos
evitar isso. A unidade da FAE se dá ao redor do ministério do bispo. Também
é missão do bispo, como líder e principal pastor da FAE, zelar por esta unidade.
Em um mundo tão marcado por divisões de todos os tipos, urge um testemunho
de acolhimento, de aceitação mútua, de unidade.
A Fraternidade Amigos do Evangelho se propõe a dar este testemunho.
6) Qual o futuro das igrejas inclusivas, em
especial a FAE?
Não tenho bola de cristal!!! Mas arrisco em dizer que as igrejas inclusivas
encontrarão o seu lugar no Cristianismo e no mundo.
Principalmente o Ocidente vem rejeitando as diferentes formas de preconceito
e segregação. As igrejas inclusivas são um espaço de aceitação.
O futuro da FAE é se expandir pelo Brasil. Temos um modelo eclesial que
chama a atenção das pessoas. Muitos estão cansados de igrejas opressoras.
Na FAE as pessoas podem falar e são convidadas a entender quem pensa diferente.
O mundo ocidental busca por liberdades, mas também por equilíbrio. No
cristianismo proposto pela FAE, as pessoas encontram tudo isso.